Os "piores" filhos do mundo

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Somos pais de 2 rapazinhos, faz já algum tempo. São os piores filhos do mundo.

Estou sentado em frente a um deles, o mais velho, e nem sequer sei onde está o mais novo. Este, o primeiro a chegar, já se levantou da poltrona 3 vezes enquanto respirei uma pequena golfada de ar, coisa mínima. Quer tocar piano, mas não sabe tocar. O tablet continua a jogar sozinho enquanto ele vai e volta cheio de vergonha de meter a mão nas teclas. Carrego em qual primeiro? – grita ele do fundo do lobby de maneira em que toda a gente no hotel ficou a saber onde ele estava – nas brancas ou nas pretas? Quando fomos almoçar conseguiu cair à frente da bancada da pizza – estou bem, eu estou bem! – gritou outra vez. Quando chegou perto da mesa disse que não queria sopa e que talvez tivesse pisado uma senhora e atropelado um homem no caminho entre o estampanço e a nossa mesa. Normal, tudo normal. Afinal o importante era certificar-se de que hoje havia pizza…

O nosso petiz diz que não a tudo. E quando perguntamos a segunda vez, fecha os olhos e grita. Nós calamo-nos e voltamos a insistir daí a 30 segundos. Normalmente vencemos nós. Depois vem o mais velho em sua (de ambos) defesa – as crianças podem escolher a sua comida, para por no seu prato, porque é que os pais têm que escolher sempre tudo? – é uma boa questão, mas daquelas que a resposta levaria as férias todas e mais 15 dias. Não querem ir à praia. Não querem trocar de roupa. Não querem colocar protector solar. Não querem comer. Querem fazer xixi a cada 44 segundos. Querem estar na água o tempo todo. Querem que os atiremos ao ar dentro da piscina – otâ vêz – não pode ser, ficas doente dos ouvidos – otâ vêz, una? – oh meu Deus, e depois é que são elas.

Não querem leite de manhã, querem salsichas com ovos. Não querem sobremesa ao almoço, querem ir para a piscina. Não querem dormir à noite, querem ir passear. Não querem dormir nas camas extra, querem dormir na nossa. A Lénia anda com duas costelas fora do sítio e eu só já durmo bem a correr daqui até Portimão e voltar, durmo em andamento…mas à larga…Não querem tomar banho. Não querem vestir a roupa. Não querem que mudemos de canal. Querem carregar no botão do elevador, e depois no botão do nosso piso, e em todos os outros…Um dia destes fizemos uma viagem com 16 paragens…nós e um casal de ingleses que de certeza decidiu ali que nunca teria filhos…

Não querem ir embora e querem estar sempre connosco. Muitas vezes querem que nos abracemos todos num aperto gigante que acaba sempre com malta a rebolar pelo chão…e acreditem…isto tanto pode acontecer na areia da praia, como numa espreguiçadeira…como em qualquer outro lugar da nossa vida…

Somos pais de 2 rapazinhos, faz já algum tempo. Estamos bem… estes são os nossos únicos piores filhos do mundo.


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