Os "piores" filhos do mundo
2 |
Somos pais de 2 rapazinhos, faz
já algum tempo. São os piores filhos do mundo.
Estou sentado em frente a um
deles, o mais velho, e nem sequer sei onde está o mais novo. Este, o primeiro a
chegar, já se levantou da poltrona 3 vezes enquanto respirei uma pequena
golfada de ar, coisa mínima. Quer tocar piano, mas não sabe tocar. O tablet
continua a jogar sozinho enquanto ele vai e volta cheio de vergonha de meter a
mão nas teclas. Carrego em qual primeiro? – grita ele do fundo do lobby de maneira
em que toda a gente no hotel ficou a saber onde ele estava – nas brancas ou nas
pretas? Quando fomos almoçar conseguiu cair à frente da bancada da pizza –
estou bem, eu estou bem! – gritou outra vez. Quando chegou perto da mesa disse
que não queria sopa e que talvez tivesse pisado uma senhora e atropelado um
homem no caminho entre o estampanço e a nossa mesa. Normal, tudo normal. Afinal
o importante era certificar-se de que hoje havia pizza…
O nosso petiz diz que não a tudo.
E quando perguntamos a segunda vez, fecha os olhos e grita. Nós calamo-nos e
voltamos a insistir daí a 30 segundos. Normalmente vencemos nós. Depois vem o
mais velho em sua (de ambos) defesa – as crianças podem escolher a sua comida,
para por no seu prato, porque é que os pais têm que escolher sempre tudo? – é uma
boa questão, mas daquelas que a resposta levaria as férias todas e mais 15
dias. Não querem ir à praia. Não querem trocar de roupa. Não querem colocar
protector solar. Não querem comer. Querem fazer xixi a cada 44 segundos. Querem estar
na água o tempo todo. Querem que os atiremos ao ar dentro da piscina – otâ vêz –
não pode ser, ficas doente dos ouvidos – otâ vêz, una? – oh meu Deus, e depois
é que são elas.
Não querem leite de manhã, querem
salsichas com ovos. Não querem sobremesa ao almoço, querem ir para a piscina. Não
querem dormir à noite, querem ir passear. Não querem dormir nas camas extra,
querem dormir na nossa. A Lénia anda com duas costelas fora do sítio e eu só já
durmo bem a correr daqui até Portimão e voltar, durmo em andamento…mas à larga…Não
querem tomar banho. Não querem vestir a roupa. Não querem que mudemos de canal.
Querem carregar no botão do elevador, e depois no botão do nosso piso, e em
todos os outros…Um dia destes fizemos uma viagem com 16 paragens…nós e um casal
de ingleses que de certeza decidiu ali que nunca teria filhos…
Não querem ir embora e querem
estar sempre connosco. Muitas vezes querem que nos abracemos todos num aperto
gigante que acaba sempre com malta a rebolar pelo chão…e acreditem…isto tanto
pode acontecer na areia da praia, como numa espreguiçadeira…como em qualquer outro
lugar da nossa vida…
Somos pais de 2 rapazinhos, faz
já algum tempo. Estamos bem… estes são os nossos únicos piores filhos do mundo.
Comentários
Enviar um comentário