Mulher de Trapo
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Boneca |
Mulher de Trapo. Estás dentro da
minha vida. Estás dentro da minha mochila. Entre as coisas que faço, os lugares
onde vou, as aventuras que vivo, estás sempre tu. Vives na minha vida. Vives nas
coisas que faço e que me fazem a mim. Quando não estou contigo, tenho-te na minha
mão e tu, nas tuas mãos, carregas um coração que nos pertence, que nos
identifica, que é dos dois e que se tornou um, que se torna um a cada dia que
partilho contigo.
A minha mochila é como a minha
vida, está lá tudo o que faz falta e mais qualquer coisa que pode fazer a
diferença num momento que ainda não chegou. A minha mochila é como a minha
vida, cheia de tantas coisas que me preenchem e que me lembram quem sou. Estás dentro
da minha vida e naqueles dias de chuva em que estou longe de ti, abro a mochila
só para te ver por um pouco. A minha mochila está cheia de ti e quando a abro e
essa presença me olha sem nada dizer, lembro sempre que me fazes falta e que as
saudades que sinto, são tu, são tu a procurares com a tua mão a minha mão e a
encontrares de retorno a minha vida, na vida das tuas coisas, de ti.
E naqueles dias quentes em que o
serviço ou a missão me apertam o coração pequeno, é na minha mochila que outro
coração bate no silêncio da cumplicidade que nos une. E naqueles dias em que
tenho nos braços quem precisa de mim, é a ti que carrego, é a ti que ajudo, é a
ti que procuro consolar na noite escura ou no dia agreste no campo. E naqueles
dias em que não estás, a minha mochila abre-se já sozinha e tu enches o espaço
vazio no meio das coisas cheias que me tornam cheio mas com falta de ti.
Estás dentro da minha vida. Estás
dentro da minha mochila. És a minha boneca de trapo, de coração nas mãos,
aguardando que eu chegue e ansiando que não parta. Estás dentro da minha vida,
olhando dentro da minha mochila as coisas que sou e os caminhos por onde vou.
E se um dia me esquecer de te
procurar, no meio de tudo o que faço, desenha em ti uma boca pequena com os lápis
que estão na mochila e chama por mim baixinho, como na primeira vez em que nos
encontramos sozinhos. E se um dia me esquecer de te encontrar, manda um desses
mochos em meu caminho, lembrando de novo baixinho, que o meu segredo é te amar…
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