Altar do Mundo

Chão de Luz

Nada me dói. Nada me afasta deste chão de luz. Cheguei de outro lugar, porque a vida aqui me trouxe e a cada passo dado, um reforço conquistado, com a certeza de que sou sempre capaz...

Não se trata apenas do silêncio, mas também do suave palrear dos corações entregues em oração. A Mãe é santuário que nos recebe ainda mesmo antes de termos cá chegado. Por isso vamos. Por isso aqui chegamos.

Já não interessa de onde vim, nem o que trazia atravessado na garganta, nem o que deixei, nem o que vou levar. Deixei de ver agora mesmo, deixei de ouvir, apenas quero ficar. O esforço não é a vida, o esforço é querer viver para que a vida valha cada vez mais.

Neste chão de luz, nasce o altar do mundo. Somos tantos. Sou só eu. Tenho os olhos entre as mãos. Choro e rio, aperto o terço mais nos dedos como se tivesse medo de o perder. O que quero eu ganhar? Que posso eu perder? As lágrimas misturam-se com os reflexos da luz das velas. Não quero olhar para mais lugar nenhum, apenas assim, para a ponta dos meus sapatos, ouvindo a ladainha dos que choram como eu.

Fátima é o caminho que tu fazes, mas é também chegar de novo, voltar a sério. Regressar a casa é difícil porque nem sempre te entendem, mas lá no fundo, mesmo quando não o dizem, esperam que tu voltes a partir, trazendo do altar do mundo, o chão de luz, a única verdade que nos conduz...