Gosto de Ti para Sempre

Sempre
As palavras são do meu filho Martim. Ouvi dizê-las vezes sem conta desde o tempo das primeiras frases que articulou naquela boca miúda e expressiva. Ontem, pela primeira vez, ouvi ele dizê-las com os olhos arrasados de lágrimas enquanto abraçava a sua professora, a sua primeira professora, a professora de quem gostará para sempre e que para sempre fará parte da sua vida ainda tão curta. A professora Sílvia tinha os olhos fechados. Depois abria-os, depois piscava-os muito por detrás da surpresa, do aperto no peito, por detrás dos óculos, por detrás do final do dia quase último na história que foi escrevendo com o Martim e com todos os outros meninos e meninas de quem gostará ela para sempre…

Ensinar as coisas que preenchem a vida não é ensinar a viver. Ensinar a viver é ensinar a gostar, a respeitar, é ensinar que algumas das lágrimas que choramos são de uma profunda gratidão, realização, compromisso, são sinal maior dos tempos bons que foram vividos à mistura com outras tantas lágrimas de medo, de dúvida, de solidão, de vazio. Ensinar as coisas da vida é ensinar a viver com as coisas que são duras e que por nos fazerem sofrer pela ausência que aí vem, nos deixam de coração aos pulos porque recordamos o que vivemos já, de bom, de bonito, de nosso, de todos os dias que passaram juntos.

Dentro de uma sala de aula acontecem coisas extraordinárias. Não conseguirei precisar o número de vezes que o olhar bonito da Sílvia se cruzou com os olhares curiosos e espantados das nossas crianças. Nem o número de vezes que o seu coração se perdeu a observar com mimo as cabecitas soltas nos livros, soltas na janela da rua, soltas nas brincadeiras que não se pode mas que são, e que dão e que fazem diferença no somatório dos dias que passam. A sala de aula é um coração que não descansa, que bate para que todos possam continuar a respirar, a viver, a aprender, a criar, a conquistar, a crescer…

… e como eles crescem meu Deus, e como eles cresceram com ela e como ela pareceu pequena ontem enquanto gritavam o seu nome e rodavam em torno de si como na sala, como no pátio, como no refeitório, como na sala comum, como na rua, como no supermercado, como na natação, como?… como vai ser, gostar para sempre de uma princesa que preencheu os nossos filhos? 

Vai ser fácil, vai ser como se estivessem sempre dentro da sala de aula, dentro do seu coração…

Comentários

  1. Que grande e agradável surpresa a de ontem. O coração bateu bem forte e as pernas voltaram a tremer, tal como no dia em que os conheci…
    Passados dois anos de muitas alegrias e muitas gargalhadas, eis que chega ao fim esta missão. Esta missão de ensinar a ler, a escrever e a contar e, sobretudo, de acompanhar o crescimento destes pequeninos, os quais viverão PARA SEMPRE no meu coração! Tantas são as histórias e os momentos que tenho para contar e recordar!
    Estes meninos e meninas ensinaram-me tanto! Estas crianças deram-me tanto, mas tanto carinho, deram-me tudo o que há de melhor numa criança, a mim e a todos os colegas que com eles trabalharam nestes dois anos. D. Bosco está, certamente, muito feliz por estes seus jovens.
    Meu Deus, como passou tão rápido, como desejo voltar a viver todos os momentos que ficaram para trás! Meu Deus, quanto me sinto grata por ter feito parte da ainda breve, mas muito sentida, história de vida de cada um deles. Muito obrigada pelo maravilhoso capítulo que escreveram no meu livro da vida!
    Oxalá continuemos a cruzar os nossos caminhos e que esta amizade perdure até eu ser velhinha. Estes meus “amores e amoras” (expressão que eles saberão explicar) fazem parte de mim, fazem parte da minha vida, daquilo que Deus me permitiu viver e que eu tanto agradeço. Eles cresceram e levaram um pedacinho de mim…GOSTAREI DELES PARA SEMPRE!!! A todas estas princesas e príncipes, e aos seus pais, expresso a minha profunda e sentida GRATIDÃO!!!
    Com amizade,
    Sílvia


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