5 sentidos chegam

#iguais
Nunca foi a "deficiência" que me assustou. O que ainda hoje me assusta é a indiferença perante a certeza de que somos todos diferentes. Querem-nos iguais por ser mais fácil desistirem de nós, no momento em que o que é diferente se torna o centro do que somos, ou melhor, sinal mais ou menos visível do que não conseguimos ser. Nós seremos sempre o que quisermos, mesmo que para isso seja verdade, acreditar seja apenas empreendimento nosso. Não somos iguais, nunca fomos. Somos diferentes, todos somos diferentes de todos. Nota-se? Sim. E isso é importante? Não. Afinal somos tão iguais nas diferenças, que só podemos ser tratados como diferentes...

Chegamos cedo, num dia bonito que lembra o poder da Primavera em flor, ainda com um indiferente (não igual) frio de Inverno. Já nos esperavam sem espreitar, estando apenas ali, de toda a curiosa vontade. Alguns nem dormiram bem, crianças adultas que desenham o que sentem em folhas de papel de linhas e nos abraçam com tanta vontade que ficamos com a sensação que nos querem ali para sempre. Vivem ali, naquela porção de mundo que o Mundo vai fazendo força para se ir esquecendo que é também seu. Aquela terra é feita da mesma terra de todas as outras e as pessoas que ali vivem, são tão pessoas que até têm nomes, e vestem roupa como nós, comem, bebem e dormem de noite. Acordam com vontade de fazer coisas e deitam-se ao lado do cansaço que conquistaram com mais um dia de vida. Estavam ali por nós, para nos acolherem, para nos ensinarem, para serem tão iguais a nós.

Somos sempre diferentes, mas somos mais diferentes antes de iniciar a viagem. No fim, no quase acabar dessa viagem tão bonita que fizemos na ASCTE, somos mais iguais. Sabemos os nomes e sabemos o que gostariam de ter sido na vida. Sabemos o que sabem fazer. Deixamos que nos ensinem e isso vale dias que não tornam nunca mais. Estas pessoas cantam com os olhos e dançam sem tocar com os pés no chão, porque lá no alto, mais perto das nuvens, tudo é mais leve e tudo vale a pena. Não existe medo, porque não existe forma de falhar. O que existe são conquistas sempre, a cada hora, todos os dias. Não há como correr mal quando o que se espera é apenas que a felicidade se levante connosco e passe um dia em boa companhia.

Nunca foi a diferença que me assustou, nem aos nossos Lobitos. O que me assusta ainda hoje é esperarem que sejamos iguais ao que não tem igualdade possível, e ainda bem para eles (uns e outros), se assim fosse, aquele seria apenas mais um lugar onde as pessoas vão, assim, aquele continuará sempre a ser um lugar onde as pessoas SÃO. 

Somos nós a Missão de que se fala na televisão. Fazer-se ao largo não é ir para longe, é ficar aqui e tornar mais perto o caminho entre as pessoas. Diferenças? Não se notam e os nossos sentidos não nos enganam nunca...

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