Férias Missionárias: trocar nada por tudo

Tudo

O que fazem os jovens nas férias? NADA!!! As férias servem para fazer nada! Será por ventura esta a resposta dada por muitos. Em Alcáçovas, na Arquidiocese de Évora, duas mãos cheias de jovens trocaram durante uma semana, a possibilidade de nada fazer pela disponibilidade de dar a sua vida. Dar a vida pelos outros é um tudo que contraria o nada a que o mundo nos tem habituado. Não temos medo da noite, nem do escuro, nem da vida. Ser cristão não é para fracos, e quando estamos juntos, estamos junto de Cristo. 

As pessoas espreitam à janela, para nos verem passar rua abaixo. Ouviram o Evangelho que se canta e vive na calçada ainda quente do dia. Ao serão acodem à praça e vibram baixinho com a força e a alegria jovem. Estes jovens que vieram de tantas terras, sem se conhecerem na sua maioria, replicam nas ruas e nas pessoas, a felicidade que é conhecer Cristo Vivo e dá-lo a conhecer aos outros. De que forma? Com a sua vida, com a sua disponibilidade, com a sua entrega, com a sua vida! Só isso? Não, também com a sua perseverança, com a sua oração, com a partilha orante, com a sua paixão inconfundível que não se pode prender no coração.

“Gostava que este serão tivesse mais gente na praça”: diz o João enquanto nos preparamos para partir ao encontro da comunidade depois do jantar. Deus providenciará. Os cânticos vão entoando pelas ruas e o pequeno rio de gente aproxima-se de uma das praças de Alcáçovas.  As duas Margaridas, o Guilherme, a Joana e o Ricardo cantam que se ouve. Dobramos a última esquina e na nossa frente abre-se um largo cheio de gente de todas as idades. “Hoje vieram muitos!!!”: exclama a Bárbara sem conseguir conter um sorriso do tamanho da praça. Deus providenciou. Os jovens são missionários numa terra que não é a sua, e as pessoas que os recebem desinteressadas no primeiro dia, começam a gostar da rotina e já esperam por eles na praça, no ATL de verão, no Lar, na Igreja… Ali na Praça canta-se e dança-se com alegria. O Nuno dá nessa noite o seu testemunho de Jovem de Cristo. Foi bonito. Acabamos todos de mãos dadas a rezar um Pai Nosso.

Entramos na Igreja Matriz. Corpos cansados, mas caras felizes, é que isto de ter férias e pensar apenas nos outros, cansa, mas enche o nosso coração de uma felicidade que não encontramos no mar, nem na serra, nem num qualquer complexo de veraneio. Os outros já vão lá à frente, procurando sentar-se no chão, no local onde estava o altar, aos pés de um Cristo Crucificado que as nossas vidas vão transformando num Cristo Vivo em nós. A oração da noite é assim como que a certeza de que passaste no exame, ou como que a boa notícia que surge apressadamente depois de um dia daqueles. É um mar de luz e escuro, onde os olhos se fecham e os corações se abrem na noite. Está connosco o Telmo, o Luís, o Rúben, a Helena e outros tantos nomes.

“Não posso nem quero viver sem o Teu amor, não posso nem quero viver, sem o Teu amor” – cantamos num torpor bom de quem tem o dia ganho e ali vem agradecer por muito e pela capacidade de transformarmos o nada que os outros esperam, no tudo que pode mudar a vida de todos. Não temos medo da noite, nem do escuro, nem da vida. “O Padre Manuel José disse de manhã que ser cristão não é para fracos”, lembra-nos a Mariana, e o Padre Fernando diz sempre que quando estamos juntos, estamos junto de Cristo. 

Não temos medo e por isso estamos aqui, apostando no silêncio como a melhor forma de escutar a nossa vida. E sabem que mais? É isso que marca a vida dos outros, a nossa capacidade de fazer silêncio, não a nossa condição de fazer barulho…ou de não fazer nada…

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