Levanta-te. É um pedido.

Apressadamente

Na entrada da cidade Jesus com os seus, era um rio de alegria e bem-aventurança. Tinham palmilhado dias e dias de viagem, mas a alegria de estar com o Senhor não deixava lugar ao cansaço, tudo era alegria naquele dia, naquela cidade.

Na saída da cidade, uma mulher viúva chorava a morte do seu filho único. Com ela, vizinhos e parentes num rio de tristeza a caminho dos arrabaldes. Tal como a vida do seu filho, também a viúva via a sua vida acabar ali, dentro de um caixão de madeira.

Jesus sente o desespero. Queda-se na beira do caminho e sente a dor dilacerante daquela mulher. A multidão faz silêncio e apenas as lágrimas da mulher são movimento rosto abaixo. A vida daquela mulher não tinha sido fácil, nem a vida do seu filho, e ambas estavam agora paradas no tempo. Também a vida de tantos outros que ali pararam estavam paradas no tempo. Viviam sem viver, e do amor da vida pouco sabiam, estando entregues à materialidade das coisas que morrem sem deixar descendência que marque a sua estória.

Jesus nunca tinha estado naquela terra. Chegou, sentiu, parou e viveu o sofrimento com a viúva. A mulher nada pede, chora apenas enquanto olha o rosto ternurento do Cristo Vivo e sente no seu coração o aconchego das palavras que não são ditas. Jesus enche-se da compaixão que é. Jesus ouve na sua cabeça “Eu vi a aflição de meu povo… Ouvi os seus clamores… Conheço os seus sofrimentos… Desci para libertar…” (Êxodo 3,7-8)”. Avança para a mulher, olhando-a nos olhos tristes e apenas diz: “Não chores!”

O Cristo Vivo aproxima-se do jovem sem vida, toca no seu caixão sem medo da impureza da morte e faz-lhe um pedido terno e suave como a luz da manhã, como aquela luz que é testemunha de mães e pais quando acordam os seus filhos pela manhã: jovem levanta-te! A vida abunda agora no jovem que volta a falar, a rir, a viver como nunca o tinha feito. Então Jesus, antes de seguir o seu caminho, entrega o jovem a sua mãe, restituindo desta forma também a vida desta mulher que, apesar de nada ter pedido, tudo aceita.

A Maria que se levantou apressadamente a caminho da casa de sua prima Isabel, é esta mãe que recebe cada jovem como seu filho, e recebe cada um das mãos daquele que dá a vida em abundância, a vida eterna. Maria recebe das mãos do seu Filho, todos os filhos como seus, tal como naquele dia na Cruz, Jesus lhe havia dito, em tom de pedido: Eis aqui o teu filho!

Maria aguarda ansiosamente que os seus jovens filhos façam este caminho de libertação da apatia, para que depois, apressadamente, todos possam cumprir a sua missão junto dos que ainda desconhecem a vida em abundância…

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