O Dia D


Através da Felicidade
A Casa estava repleta de vazio, apesar dos imensos móveis antigos que a ocupavam. A cada passo a poeira levantava do chão, indo misturar-se com os primeiros raios de sol daquela manhã fria de outono. Do lado de lá do vidro, o campo, envolto no orvalho caído, mostrando um novo dia. Do lado de cá das paredes, uma história de amor, de sofrimento e de perda.

A casa, a rua, o alpendre, o pátio, devolvem-nos o cheiro do tempo antigo que ficou ali parado, esperando a nossa vinda. Acende-se a lareira de chão e prepara-se tudo para receber os Dirigentes do CNE da Região de Évora. Serão muitos, mesmo que de poucos se tratasse. São grandes porque vieram e na senda da sua vida voluntariamente colocada ao serviço dos outros, promovem encontro. Vêm de longe, vêm mesmo daqui do lado. Chegam em alegria e ficam em festa, mesmo no silêncio das primeiras palavras que não são ditas.

A família é "servida" no lançamento do imaginário do Dia, numa tentativa bonita de chegar às nossas raízes, ao Escutismo simples, sentido, prático, com tempo. A comunidade é Maravilha que se renova nas nossas acções e o Amor, aquecido pela Palavra envolta na chama viva do chão, chega a cada um de nós, lembra que acima de tudo somos gente com vida, com história, com família, com o movimento frenético dos dias. Reclamamos simplicidade e tempo, para conseguirmos ver os outros mesmo com os olhos fechados. Rezamos, partilhamos a mesma mesa e fazemos do jogo a massa que nos liga.

Na sala, perante um obrigado da Região, um homem velho chora como uma criança. Olho-lhe nos olhos e parece-me uma criança, pela simplicidade com que nada diz e tudo sente. Dou-lhe um abraço e ele soluça no meu ombro, dizendo apenas que Deus, naquele dia desceu à sua casa. Deus desce às nossas vidas quando pegamos nos primeiros raios de sol e os vivemos até ao ocaso do dia. Deus desce nas nossas vidas quando conseguimos juntos o que sozinhos não seria possível.

A vida tem muitos dias, mas naquele dia de outono, já escuro, quando a porta se fechou, todos saíram mais ricos, ao encontro das suas Famílias, chegando de volta ás suas Comunidades, querendo fazer diferente na Região que nos pretende unir, em torno de um jogo que se desenrola com tempo, de um jogo feito de um pião que rola no chão e de um elástico que se vai esticando, aproximando cada um da sua missão mais nobre: SERVIR...

Não deixem que ninguém vos diga que não vos dão mais tempo…dêem vocês próprios tempo ao que mais vos é querido…porque o tempo continuará a correr, mesmo no dia em que nós o deixarmos de fazer…                                                                                                                     

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