Trazemos verão aos dias

Verão aos dias
Não existe propriamente urgência em viver depressa, mas o tempo foge-nos e vamo-nos desculpando com ele para andar à pressa. O verão partiu, ou melhor, tivemos que o deixar na praia, quedo e esperando o nosso regresso para o ano, tendo partindo cada um de nós à sua maneira. Já estamos de regresso à normalidade assustadora dos dias em roda. Já estamos de regresso aos dias redondos...

Cada um de nós voltou à sua ausência de verão, trazendo ainda nas mãos o que conseguimos angariar de areia, água, maresia e calor na pele. Trazemos verão em nós. Trazemos verão aos dias. Queremos que não seja inverno nas coisas que vamos fazer ainda. Queremos que o frio que vier, quando chegar, que nos chame à lareira de chão e que nos coloque no entorno uns dos outros.

Cada um de nós encontra o que pode nas lembranças de mais um verão que nos reforça o ser. Crescemos tanto no verão! Medramos, assim dizem as velhas e por esse crescimento conjunto, aguardamos com serenidade os tempos frios de um Dezembro doce em laços e afectos, ou de de um Fevereiro com cheiro a castanhas assadas que pelamos nas mãos...

Nas mãos recordamos o que fomos nas areias molhadas a sul. Trazemos o que podemos para recordar esse tempo sem relógio e esse encontro permanente em nós. Partimos cada um para sua direcção, mas corremos já em direcção ao final do dia, para depois, vividas essas experiências novas de cada jornada, possamos reencontrar todos num regresso a casa, onde o verão ainda palpita e onde não existe nenhuma urgência em viver depressa...

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