Lava-me os pés Senhor


Servo

Quero tomar parte da vida de Jesus. Quero tomar a minha vida e torna-la vida de Jesus. Quero servir com o coração flamejante de entusiasmo e capaz de se enternecer pelas vitórias dos outros. Quero ser pequenino e ter altura para ver Jesus. Quero sentir as correias das sandálias a folgar à passagem da sua mão de toque suave e firme. Quero que Jesus escolha uma qualquer casa para ser passagem e que me convide para estar lá, com todos, e que eu oiça esse convite e saiba o que é esperado de mim. Que não fique demasiado preocupado com a minha aparência, com o que vou levar vestido, mas que fique verdadeiramente preso à minha condição de servo. Posso até ser eu a segurar a vasilha da água, mas também posso ser eu a lavar os pés dos outros.

Jesus lavou os pés aos seus. Viveu com eles todos os dias, falando-lhes de coisas enormes, com exemplos simples. Na quinta-feira maior fala de coisas simples com exemplos gigantescos. O homem que acalmou o mar, que fez pescadores, que deu vida ao vinho, que foi baptismo no Jordão, que foi baptismo em João, que salvou Lázaro e que chamou Zaqueu, que fez discípulos, que deu peixe e pão, que matou a sede, que devolveu a vista…vem agora lavar-nos os pés. Jesus pegou sempre nos pequenos e tornou-os enormes, exemplos de que todos conseguimos. Aos enormes, convidou a tornarem-se pequenos, e alguns não aceitaram essa passagem, nunca foram Páscoa, nunca viram a luz, nunca sentiram o coração ardente. Jesus é tão pequeno quando nos lava os pés, pedindo que deixemos de ser grandes quando nos reclinarmos ao serviço dos outros.

Jesus deitou água numa bacia, lavou os pés aos discípulos e enxugou-os com a toalha que havia colocado em torno da sua cintura. Sabia que o seu momento tinha chegado e aproveitou-o desta forma sublime: humildemente desapertando sandálias e derramando água viva sobre os pés dos que levariam o seu nome até aos dias de hoje. Lava-me os pés Senhor, para que eu entenda que te vou entregar e que dessa entrega existe ainda uma oportunidade de voltar a viver, mesmo morrendo em mim. Lava-me os pés Senhor, para que eu entenda que te vou negar e que dessa negação existe ainda uma oportunidade de voltar a viver, mesmo morrendo em mim. Lava-me os pés Senhor, para que eu entenda que a tua vida vale a minha vida toda e que por ela, a Tua condição de homem, faz a passagem para a tua presença divina.

E que quando caminhares a meu lado, eu reconheça que já não estás na cruz e que deixe de estar indignado porque alguém te deixou morrer. E que quando Te vir, resplandecente de luz, não queira essa luz em mim, mas que a direccione para ver a forma como posso lavar os pés aos que recebo na minha vida…

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