A Passagem

Páscoa


Somos Páscoa porque somos passagem e nela vemos a oportunidade de reafirmar a nossa Fé. A Páscoa foi sempre festa de libertação. Os primeiros são libertados perante a passagem do “Anjo da Morte”, poupados à morte, tornam-se sinal de vitória da vida perante um cordeiro em sacrifico cujo seu sangue assinala a presença de Deus, a sua condição de homens de Deus. Deus liberta o seu povo e é nesse caminho de libertação que a Páscoa ganha outra dimensão. Homens em fuga constante, procurando a Terra Prometida que teima em chegar, ou que vai chegando todos os dias nas pequenas conquistas. Mesmo que o mar não se abra para nós, nós abrimos coração e somos passagem…

Jesus vem, arrebata-nos, conduz-nos, faz festa connosco. Sofre nas nossas mãos e connosco, chora por nós e entrega a sua vida como o Cordeiro da passagem que outros usaram como sinal de Deus em si. Não existem coincidências. Nós somos o denominador comum desta conta fácil de fazer: Jesus é o cordeiro novo que se entrega pela passagem do Anjo da Morte, libertando-nos, marcando com o seu sangue as nossas portas, marcando-nos a nós mesmos enquanto portas abertas para a passagem. Por Ele nós ficamos vivos. Depois, enquanto fugimos ainda nos nossos caminhos de vida, safos daquele aperto, de consciência pesada porque o entregamos ou porque dizemos não o ter visto jamais, eis que Ele surge de novo e para sempre. Vence a morte, vence a nossa morte porque radica em si a capacidade de tornar à vida, oferece-nos essa vitória, assina essa capa de livro que se chama vida nossa e faz com que possamos viver de novo.


Jesus chorou quando entendeu que iria efectivamente sofrer, morrer e deixar de estar com os seus. Cingiu-se com uma toalha, lavou os pés tornando-se nosso servo e depois partiu o pão e deu a beber o vinho. Tornou-nos Eucaristia no mesmo dia que entregamos a sua vida a quem não soube amar a sua conduta, a quem nunca soube amar o seu amor pela vida. Jesus aceitou ser o novo cordeiro e dar-nos uma nova Páscoa. Jesus, enquanto viveu com os que o seguiram, nunca deixou de os amar, nunca deixou de ser essa passagem estreita onde todos podem passar, mesmo os que aparentemente não cabem, porque cheios de si, porque incapazes de humildemente assumirem a sua condição pecadora, porque incapazes de se tornarem servos querem ser sempre servidos. Jesus aceitou tornar-se passagem da morte para a vida eterna.


A passagem estará de novo aberta. Que não deixemos Jesus sozinho no fim da rua, que não lhe voltemos as costas pelos nossos afazeres. Ele vai morrer e nós apenas sabemos que voltará à vida, não sabemos se o fará em nós…mas Ele sabe…não continues morto na tua vida, não voltes as costas à tua cruz.


Ele voltará à vida, não sabemos se o fará em nós…mas Ele sabe…

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