A casa da vida toda

A casa da vida toda
A casa não nos pertence, não é nossa. Encontrá-mo-la no mesmo Oceano Atlântico que nos banha, mas para os lados de lá do mundo. Nunca lá tínhamos estado. Nunca tínhamos saído juntos para tão longe como naqueles dias. Havíamos casado e no fervor da vida toda que tínhamos para viver, encantá-mo-nos de amor por tudo o que nos aconteceu. Encantá-mo-nos com esta casa.

Na verdade era uma barraca de fachada carregada de vida. Cabia ali a vida toda e os nossos olhos perderam-se no mundo que nos mostrava, mesmo que de relance. O oceano que termina em praia estava ali, banhava-mo-nos nele todos os dias. O céu que nos serve de tecto em qualquer canto do mundo, ali serviu-nos também de cobertor nalgumas daquelas noites.

Prometemos juras de amor e outras coisas que ainda não fizemos. O ar que entrava nas frinchas da casa pintada, serviu para embalar os sonhos de ter uma família, dois empregos, alegria e pouca coisa mais além de um amor que continuasse a suportar a cabana que é a nossa vida. A fragilidade das paredes está em todos os dias que vivemos, mas a rocha onde vamos edificando as nossas coisas vai suportando tudo o que a vida nos entrega de volta.

Tal como a música da Carolina Deslandes, ali, soubemos que era amor para a vida toda. Queremos ser uma casa para a vida toda. Queremos ser para a vida toda...


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