O toque do laço

O toque do laço
Muitas vezes damos por nós a ser observados pelos meninos enquanto damos um abraço. Quando o beijo se precipita, eles correm para nós e querem partilhar o laço que fazemos. O benjamim fica envergonhado quando nos vê tão próximos. O mano mais velho sorri de forma malandra e diz: vocês são namorados, é isso? É isso, mais ou menos…

O tempo de namoro foi largo, demorado sem ser aborrecido. Agora temos menos tempo. Os beijos surgem entre uma divisão e outra da casa, quando nos cruzamos no corredor, de manhã na casa de banho, ao deitar enquanto olhamos os nossos filhos que já dormem, quando saímos para o trabalho, quando regressamos a casa. Beijos curtos. Abraços maiores e quase sempre com o resto da pandilha a querer subir pelas nossas pernas.

Estamos enlaçados quando tocamos o outro e ficamos com vontade de entrar em slow motion logo ali. Estamos enlaçados quando não temos grande tempo para nos “olharmos” mas continuamos a fazê-lo, mesmo que para isso tenhamos que fechar os olhos um pouco, durante o trabalho, e imaginar a face, os olhos, lembrar como soa a respiração e trazer para nós o cheiro do cabelo.

Os meninos têm o mesmo toque que nós. Nasceu com eles. Ainda comem à mesa com a mão sobre o nosso braço. Se estamos no sofá, as suas pernas estão entrelaçadas nas nossas. Na praia só existe a nossa toalha. Quando vão ter connosco à nossa cama, assumem a forma beliche humano. Continuam a esfregar os seus narizes nos nossos. Os culpados somos nós, que ainda hoje adormecemos os dois de mão dada, mesmo (ou sobretudo) nos dias em que beijo não houve ou que abraço soube a pouco…

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